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Father of the Bride / Father's Little Dividend

Ano: 1950 /1951

Realizador: Vincente Minnelli

Actores principais: Spencer Tracy, Joan Bennett, Elizabeth Taylor

Duração: 92 min / 82 min

Crítica: A câmara desliza por uma casa em pantanas. Pratos sujos, copos vertidos, bagunça, caos, desarrumação completa. Um homem acomoda-se o melhor que pode num sofá e, enquanto ajeita o sapato e com uma incrível naturalidade, tão real que nos afecta imediatamente, olha directamente para a câmara e começa a contar-nos as suas filosofias e a sua história, em flashback. Assim, começa, com um Spencer Tracy no seu mais alto nível (uma das melhores, senão a melhor cena da sua carreira, deste que era um mestre do monólogo), o grande sucesso da MGM de 1950, ‘Father of the Bride’.

Desde sempre, a MGM estabeleceu-se como o estúdio de excelência do filme para a família. Dos cofres deste glorioso estúdio liderado por Louis B. Mayor, com “mais estrelas de que aquelas que há no céu” saíram as mais memoráveis obras do cinema clássico destinadas para o público familiar, para que avós, pais e netos pudessem compartilhar da experiência de ver a arte do cinema, numa altura, recorde-se, em que não existia televisão. Foi na MGM que se produziram os filmes mais representativos do espírito da normal família americana, enriquecidos pelo maior rol de child stars alguma vez condensados por um estúdio; Judy Garland, Mickey Rooney, Shirley Temple, Elizabeth Taylor. De ‘Wizard of Oz’ (1939) a ‘National Velvet’ (1944), de ‘Babes in Arms’ (1939) a ‘Captain’s Corageous’ (1937) à saga de Andy Hardy, a família da MGM tornou-se a família de uma geração, e ainda hoje continua a inspirar, não só pela moral, mais ou menos conseguida, mais ou menos profunda destas obras, mas pela sua inquestionável mestria e a sua (até hoje) inigualável veia de entretenimento.

Neste enquadramento, ‘Father of the Bride’ (1950), e a sua menor sequela ‘Father’s Little Dividend’ (1951) surgem como uma espécie de entradas tardias, e de certo modo diferentes, do gigantesco espólio do cinema familiar da MGM dos anos 1930 e 1940. Se o estúdio foi exímio em conseguir manter a ilusão e o escapismo do entretenimento durante o período da Segunda Guerra Mundial, havia de reconhecer que os tempos, efectivamente, mudaram. Alguma amargura e cepticismo para com a facilidade do sonho americano surgiu e é partilhada por muitos filmes do período, mas muito embora estes dois filmes até possam ter esse tom nalguma subcorrente emocional (o olhar céptico e inconformado de algumas personagens, nomeadamente o próprio pai) não é de todo esse o seu enfoque nem objectivo. Em vez disso, enquadram-se muito melhor, com o sabor do entretenimento simpático que caracteriza as melhores obras de comédia dramática por esse cinema fora, no ambiente do novo período de prosperidade americana da década de 1950; a época da vida dos subúrbios por excelência, a época do famoso baby boom. E é no lado solarengo dessa vida (apesar dos usuais, mas nunca muito profundos, ‘dramas’ que essa vida trás consigo), que o filme, e a sua sequela, se irão manter.

‘Father of the Bride’ e ‘Father’s Little Dividend’ são assinados por Vincente Minelli que aqui, (numa altura em que era casado com Judy Garland) inicia o seu período áureo. Já antes havia realizado obras como o clássico de Natal ‘Meet Me in St. Louis’ (1944) ou ‘The Pirate’ (1948) - ambos com Garland - mas seria a partir dos dois filmes sobre a família Banks que Minelli entraria numa idade de ouro que gravaria o seu nome para sempre na história de Hollywood; incluindo ‘American in Paris’ (1951), ‘The Bad and the Beautiful’ (1952), ‘Band Wagon: (1953), ‘Lust for Life’ (1956), ‘Gigi’ (1958, que lhe deu o seu único Óscar de Melhor Realizador) ou ‘Some Came Running’ (1958). Minelli era um mestre do musical, mas também era um mestre do enquadramento cénico. Nos seus musicais, usava cenários ousados e estilizados para contar visualmente a sua história e dar maior liberdade artística aos movimentos dos bailarinos. Nos dramas utilizava muitas das mesmas técnicas em essência, muito embora obviamente com uma maior subtileza. Um diálogo ousado em vez de uma electrizante coreografia, por exemplo. E, optando pelo estilo posto em voga por Mankiewicz em obras como ‘A Letter to Three Wives’ (1949) e ‘Eva’ (1950), Minelli optou igualmente por utilizar, nos seus dramas do inicio década de 1950, o artificio do flashback cruzado. Fá-lo brilhantemente em ‘The Bad and the Beautiful’, enfatizando a história amarga e noir. Já em ‘Father of the Bride’ o flashback é directo, narrado apenas por uma personagem, e obviamente, não sendo este um drama, embala o filme de uma forma muito menos pesada, mas não é menos eficaz no seu objectivo de enquadrar a história e estabelecer o seu tom.

Para um filme passado a maior parte do tempo num único espaço (a casa da família Banks), Minelli vai constantemente jogando com a concepção deste espaço à medida com que quer ele, quer as personagens, se transformam ao longo do filme. Abrir o filme mostrando a casa de uma forma caótica, totalmente destruída, e depois cortar para uma primeira cena, meses antes, em que Spencer Tracy chega tranquilamente a casa após um dia de trabalho e esta surge imaculada (o verdadeiro sonho americano suburbano), é um subtil toque de génio que nos cria imediatamente expectativa, intimidade e uma enorme familiaridade com o filme, bem como com a história que se vai desenrolar. E juntamente com o extraordinário monólogo inicial de Tracy sobre como crescer, casar e ter filhos era no seu tempo algo natural e simples, e a forma como o argumento e a realização de Minelli abordam a mensagem do seu filme sempre através de pormenores credíveis (e por vezes engraçados) de seio familiar, levam desde o início há mais importante constatação de todas, que vende as personagens e, mais importante que isso, vende o próprio filme, para a geração que o viu e para as gerações seguintes: os Banks podiam ser a nossa própria família.

E por assim ser, o filme, engraçado, leve e simpático, não só ultrapassa o teste do tempo (o seu extremamente bem sucedido remake nos anos 1990 com Steve Martin é prova disso) como não se preocupa em ser totalmente coerente do início ao fim, isto é, em termos de uma estrutura normal argumental e fílmica. Usando vários saltos temporais, e não fechando propriamente todos os pormenores da história que abre, o filme sabe bem que não precisa de o fazer e portanto não o faz, cingindo-se a ser uma espécie de apanhado cómico-dramático. E sabe-o não só porque a sua capacidade de identificação, entre o universal e o estereotipado, é tão grande que o espectador naturalmente faz as pontes dos pormenores da história que não são mostrados (ou preenche-os com a sua própria experiência), como também tem a consciência de que há um departamento em que não cede um milímetro: é completamente coerente no arco da sua personagem principal (Tracy, o pai da noiva). E é na perspectiva desta personagem, sempre, que todo o filme se desenrola, o que permite alimentar a sua veia humana, mas também a sua veia cómica. 

Basicamente, a história do filme pode ser resumida numa frase. A existência plácida e rotineira da vida do Sr. Banks (Tracy) é abalada até ao tutano quando a sua filha mais velha, Kay (interpretada por uma jovem e fogosa Elizabeth Taylor) anuncia que vai casar. Com a tal leveza argumental a que já aludi, o filme vai saltando, em formato ‘sketches da vida familiar’, pelas várias etapas costumeiras, desde o anúncio inicial até, no culminar do filme, à cerimónia propriamente dita, cerimónia esta que, para mal dos pecados do Sr. Banks, caberá aos pais da noiva organizar… e pagar! O espectador diverte-se com a especulação inicial do Sr. Banks sobre qual dos vários namorados que a filha já teve será o noivo (acaba por ser um algo morno Don Taylor); diverte-se com os preparativos e o acumular dos custos (Leo G. Carroll está excelente como o gentleman wedding planner, numa interpretação exageradamente parodiada no remake dos anos 1990); diverte-se com o encontro inicial desajeitado entre os casais de pais (a deliciosa Billie Burke e Moroni Olsen interpretam os pais do noivo, e Joan Bennet é uma convincente Mrs. Banks); e partilha dos vários amuos e dos vários dissabores de Tracy. Mas depois o espectador também consegue (porque o filme o permite) estar suficientemente aberto para desfrutar das partes mais felizes e das mais emocionalmente introspectivas desta odisseia, como quando os noivos têm uma discussão e Kay quer cancelar o casamento, e será o seu pai que, apesar de todas as suas queixas até então, a ajudará a encontrar o caminho certo.

O segredo do filme está neste seu equilíbrio entre a paródia dos estereótipos e a mensagem emocional. Todos os pequenos quadros que constituem a história estão geralmente assentes numa base cómica (uma comédia de costumes sociais com um timing hilariante na coreografia da actuação, tão característica da Hollywood clássica), mas nunca são ocos. Por detrás do mosaico está uma profundidade invulgar, e cada peça existe como uma visão nostálgica e simpática da época, que como disse, tem como objectivo ser altamente identificável. E é. Veja-se a grande força motriz do filme; o Sr. Banks tal como interpretado por Tracy. Altera, cena após cena, entre um estado de calma, de pânico, de contrariedade e de serenidade, reflectindo os medos, os desejos e a ansiedade de uma geração eterna (a dos pais!), e é essa complexidade que está subjacente ao fluir natural da comédia de costumes, e que está por detrás da máscara do filme ‘ligeiro’, que realmente faz deste filme uma peça memorável.

Portanto este não é bem um filme sobre o casamento, no sentido em que não se faz grandes juízos de valor sobre a instituição em si, as suas vantagens ou desvantagens (numa altura recorde-se de maior rigidez religiosa na sociedade americana). Mas se há algo que o filme apoia a 100% é a felicidade, a dos pais claro, mas principalmente a dos filhos, numa declaração de amor que transcende muito mais a moral superficial usual inerente a um filme. Esta é uma declaração de amor de coração para coração, da geração dos pais que tinham acabado de sobreviver a uma Guerra e que estavam a entrar no maior período de prosperidade do século XX, da geração dos Tracys e dos Minellis, para a nova geração, das Elizabeth Taylors, com muito para dar, com muito para viver (antes de os pais se aperceberem que essa seria a geração também de James Dean e Marlon Brando…). E é nessa ligação emocional, de uma geração com a outra, que a maior beleza do filme existe, e é por isso que de ‘ligeiro’ passa a comovente, de ‘comédia de família’ passa a inspirador, e assim por diante. É então propício que taco a taco com a interpretação de Tracy esteja uma performance imaculada de Taylor, por vezes demasiado ingénua como personagem, mas também ela altamente identificável (Taylor representa neste filme todas as noivas) e oferecendo uma soberba interpretação, um grande augúrio para o despoletar meteórico da sua carreira, mesmo ao virar da esquina. Quer sejamos pais ou filhos, a redenção e o entendimento entre Tracy e Taylor no final do filme não pode deixar de nos tocar.

No final, e fazendo um esforço talvez demasiado excessivo para chegar aos 90 minutos, só se pode realmente criticar neste filme a sua estrutura em pequenos sketches que impede que todas as personagens tenham profundidade e arcos credíveis. Pedia-se talvez um maior desenvolvimento e um maior número de ligações emocionais entre cenas. O filme realmente esforça-se para chegar aos 90 minutos, mas ao mesmo tempo fica a sensação que se chega demasiado depressa ao casamento. A verdade é queríamos ver mais sobre esta família e sobre estas personagens, e ficamos desiludidos quando tal não acontece. Será de supor que os espectadores da altura tenham sentido exactamente o mesmo e a sequela imediata se tenha tornado por isso inevitável.

Nomeado para três Óscares (Filme, Actor e Argumento) ‘Father of the Bride’ foi um estrondoso sucesso. Na minha opinião foi-o porque emocionalmente é sincero e verdadeiro, um hino aos pais que largam a mão dos filhos e os deixam seguir o próprio rumo, um hino que acresce ao seu coração todo o glamour esplendoroso e a qualidade de produção soberba da Hollywood clássica. E isso é raro, e excelente, num filme que para todos os efeitos é “apenas” um filme para a família e que portanto tem ambições dramáticas limitadas. Mas é essa magia inerente, na sua alma, na sinceridade da interpretação de Tracy, que o sustenta de uma forma quase inexplicável, e, como se prova pela claramente menor sequela ‘Father’s Little Dividend’, dificilmente replicável. Há filmes que simplesmente resultam na sua simplicidade e universalidade, e ‘Father of the Bride’ é um deles. Pode-se tentar reproduzir a fórmula, mas já não é a mesma coisa quando deixa de haver essa magia intrínseca, quando falta esse je ne sais quoi.

‘Father of the Bride’ foi um sucesso tão grande que a MGM pôs logo em marcha uma sequela (quem fez 16 Andy Hardys faz mais um ‘Father of the Bride’), tão rapidamente que nenhum dos principais intervenientes (Tracy, Minnelli, Taylor) fez qualquer filme de permeio. Mas a infelicidade é que esta rapidez foi bastante inimiga da perfeição. O realizador é o mesmo, as personagens são as mesmas, os cenários são os mesmos, mas já não é a mesma coisa. Claramente, este é um filme muito menos coerente e muito mais atabalhoado que o primeiro. O argumento foi escrito em cima do joelho, e nota-se. O filme procura reproduzir a aura do primeiro e reger-se pelos mesmos princípios, tentando fazer pelo milagre do nascimento de um bebé no seio de uma família (a história resume-se a "Kay está grávida") aquilo que o primeiro filme fez pelo casamento, mas já não é tão mágico nem tão bem conseguido. 

Logo na primeira cena, Tracy fala de novo directamente para a câmara, imitando o seu soberbo monólogo do primeiro filme, mas nota-se claramente que o está a fazer com muito menos convicção e muito menos naturalidade (a falha provavelmente é mais argumental do que propriamente da sua interpretação). E este é um sentimento que se repercute por todo o filme, quando revisitamos situações e personagens familiares (em vez de se discutir sobre quantos convidados terá o casamento, discute-se qual será o nome do rebento, por exemplo). Falta a força motriz que comandava o primeiro filme, nomeadamente uma espécie de complexidade ambígua na personagem do sr. Banks, que se traduzia na dicotomia amor/ódio pela ideia de dar a mão da sua filha em casamento. Por um lado, acho que um dos males da sequela é já não há uma relação directa entre o evento sobre o qual incide o filme e o sr. Banks. Afinal, no primeiro filme estávamos a falar da sua própria filha. Agora, estamos a falar do nascimento do filho de outro homem, o seu genro Buck, pelo que os sentimentos do avô nunca poderão ser tão relevantes como os dos pais. Por outro lado, talvez por essas razões, nunca sentimos grande incerteza emocional na sua personagem, o que lhe tira a humanidade e universalidade que tinha no primeiro filme. Em vez disso, o Sr. Banks é (quase) sempre seguro de si, e mesmo quando não é (a sua aversão inicial ao neto, por exemplo) isso parece extremamente forçado.

Mas falta também o equilíbrio entre o drama e a comédia que o primeiro filme tão bem conseguiu executar, principalmente porque ‘ter um bebé’ proporciona menos escapes cómicos (da perspectiva do avô note-se) do que ‘casar a filha’. Quando surgem (a falsa ida à maternidade, por exemplo) são hilariantes, mas lamenta-se a ausência de mais momentos deste tipo, e a forma ainda mais telegráfica com que o filme se estrutura, passando do anúncio, ao controlo possessivo dos avós, às discussões entre o casalinho, ao nascimento do bebe e à redenção final (aquela cena em que Tracy "abandona" o bebé para ir jogar futebol é no mínimo bizarra, tendo em conta a personagem)  com tanta pressa que o filme nem 80 minutos tem.  

Mesmo assim, este é um filme que ainda tem os seus trunfos. Elizabeth Taylor, embora seja paradoxalmente mesmo relevante para a história, é sempre uma delícia (1951 foi também o ano em que fez ‘A Place in the Sun’), Joan Bennet continua a dar o ar da sua graça como Mrs. Banks, e o filme mantém o seu tom leve e familiar, altamente apelativo e pouco datado que já caracterizava o primeiro filme. Mas se o primeiro é uma autêntica Bíblia sobre a emoção dos pais perante o casamento dos filhos, contado com gosto e doses simpáticas de comédia e drama, como já descrevi, a sequela tem menos chama e menos universalidade e depende muito do primeiro filme para fazer sentido. Com 80 minutos, debate-se para encontrar material, quer cómico, quer dramático, mas a sua grande glória é que, no final, quer o espectador, quer o Sr. Banks ficam saciados, quando vêem o rebento cá fora e a magia da Hollywood clássica nos diz que tudo está bem quando acaba bem. E isso é a nossa maior recompensa como espectadores, e é esse calorzinho que levamos connosco quando terminamos de ver estas duas obras.

‘Father of the Bride’ e ‘Father’s Little Dividend’ são, em conjunto, um grande exemplo de como se fazia cinema para a família cheio de qualidade e coração, algo que muita falta faz no cinema moderno. E são um grande exemplo de como a MGM unia o talento estabelecido com o talento em ascensão, e dava liberdade para que o melhor destes dois mundos pudesse faiscar no ecrã, sob a direcção de um mestre como era Minnelli. Num produto como este, melhor ou pior conseguido, é o espectador que ficam sempre a ganhar. E se o primeiro filme pode ser uma fantástica obra, enquanto o segundo pode estar vários pontos abaixo, não faz sentido mesmo assim, quase 70 anos depois, ver um sem ver o outro. Tracy, Taylor e umas simpáticas lições de vida inspiradoras. Que mais pode querer um fã da Idade de Ouro de Hollywood? E já agora, um pai de pouca data, como eu?

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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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